Teatro Nacional Dona Maria II

Gil Vicente lá está, bem no alto, chamando à Barca: entrai, entrai, que tendes gentil maré… Quem passa pelo Rossio não pode ficar indiferente a este magnífico edifício neoclássico que renasceu das cinzas em meados dos anos sessenta. De Almeida Garrett até aos dias de hoje muita história correu por estas paredes. Muita história e muitas estórias. Por cá passaram todos aqueles artistas que tanto gostamos de ver — e com quem tanto gostamos de rir — naqueles filmes portugueses mais antigos. Todos eles fizeram aqui a sua formação. Antes, já Shakespeare tinha vindo a cena, pela primeira vez em Portugal, lá pelos anos 80 de há mais ou menos dois séculos. Quando passo pelas arcadas, quando entro por aquelas portas gigantescas, com o meu bilhete na mão, sinto-​me pequena perante a grandiosidade do espaço. Mesmo que não seja amante de teatro, vá fazer uma visita, vá à biblioteca, dê um passeio pelos enormes corredores, vá conhecer esta sensação. E não se esqueça. Em qualquer canto onde esteja pode ter lá estado o Vilarett, o António Silva, o Vasco Santana e até, uma rainha. Uma rainha a sério. Não é emocionante?

Já milhares de histórias foram representadas nos palcos do Teatro Nacional D. Maria II. Peças que nos fazem rir, emocionar e, acima de tudo, refletir. O cartaz de espetáculos é realmente imperdível, embora seja pena que durante o mês de agosto, uma das alturas em que há mais tempo livre, o Teatro encerre as portas para se preparar para a rentrée. Mas a representação não é a única arte através da qual este espaço se distingue.
Até os mais distraídos se apercebem de que o Teatro D. Maria II é uma verdadeira obra de arte arquitetónica. Na verdade, trata-​se de um excelente exemplo de um monumento neoclássico, distinguindo-​se o frontão com tímpano encimado por três figuras essenciais na História do Teatro Português e Mundial: Gil Vicente, Tália (deusa da comédia) e Melpomene (deusa da tragédia). De resto, já estive perdido algumas boas horas entre as várias obras da Livraria do Teatro, ideal para quem estuda e faz teatro ou, tal como eu, simplesmente é um profundo admirador desta arte.

Um espaço onde acontece ARTE.
Um lugar de magia, de emoção, de diversão e de muitas memórias…
Para além das peças, há as visitas guiadas e muitos outros eventos em torno do tema TEATRO. Interessante, também, a pequena livraria.
Grandes nomes por aqui passaram e grandes nomes por aqui estão a passar. O Teatro está vivo, e isso sente-​se no D. Maria II.