O típico café de bairro, mas é preciso dizer que, aqui no bairro, é dos poucos sítios onde vou tomar café: é limpo e arranjadinho, as pessoas são muito simpáticas e educadas, e a Margarida faz umas tostas mistas deliciosas. Gosto de vir aqui de manhã e sentar-me na mesa ao pé da janela, a tomar o pequeno almoço e a ouvir as conversas das pessoas. É a melhor forma de entretenimento disponível, apesar de haver uma televisão. Frequento este café desde que nasci. Antes de ter este dono, o café era de um casal cuja senhora fazia bolos para fora, incluindo a melhor torta de laranja que comi na vida, e o marido ganhou da minha avó a alcunha de «Fininho», porque era assim que ele lhe cortava o fiambre. Depois, o «Fininho» morreu prematuramente, a viúva vendeu o café e deixou de fazer aqueles bolos maravilhosos, para desgosto dos habitantes do bairro. Os bolos já não são tão bons como costumavam ser, é verdade, mas há sempre as tostas e há caracóis no Verão, e pessoas a sorrir do outro lado do balcão. E com esta rima acabo a avaliação!