Teatro da Cornucópia

Pode não ser um dos primeiros teatros que me vem a mente quando penso na vida cultural de Lisboa. Mas, na verdade, já me encantei com várias histórias encenadas no palco da Cornucópia. Uma das primeiras peças a que assisti foi uma adaptação de «A Tempestade», de William Shakespeare, traduzida, encenada e protagonizada por ninguém menos que o soberbo Luís Miguel Cintra, um dos irremediáveis nomes do teatro português e lisboeta. O gosto pela arte é tão espontâneo que quase não se explica, mas talvez tenha adorado a peça pela sua história envolvente (que desconhecia) e pela entrega de todo o elenco, nomeadamente de Nuno Lopes. De 2009 até hoje já me emocionei com os mais variados enredos: desde a demonstração da impossibilidade do amor (em «Os Desastres do Amor», de Pierre de Marivaux) à reflexão sobre a ligação entre a realidade e a imagem, com um Papa pelo meio (em «Ela», de Jean Genet).

Apesar de ser vizinha deste teatro, foi apenas há dois anos que o descobri e a partir daí estou sempre atenta às peças em cena.
Uma amiga convidou-​me pois uma amiga próxima entrava numa peça. Sem esperar nada, saí muito mais rica interiormente. A peça tinha imensa qualidade numa mistura de talento que enchia o palco. Pena foi o número de espectadores que não a honrou como ela merecia.
As condições são fragéis, mas adaptáveis a um exigente mundo em que a cultura vive nos dias de hoje.

Pôr o pé na Cornucópia é entrar numa casa de excelência e ter a certeza que estamos no terreno do sonho. Inevitável será dizer que qualquer peça que lá esteja em cena é de incrível qualidade. O espaço também é muito sui generis e a sala tem boas condições. Adoro e recomendo a todos os amantes de teatro e da vida.