Tabacaria Mónaco

Fundada em 1875, vende tabacos, jornais e revistas nacionais e estrangeiros. A Tabacaria Mónaco constitui um exemplar quase único duma tabacaria do fim do século XIX, sendo um dos poucos estabelecimentos comerciais da sua época que mantém a actividade inicial, bem como a decoração interior e o mobiliário sem alterações.

Entrei, por acaso, para comprar o jornal e cigarros. Fiquei completamente rendida a este espaço que, para além dos moradores, deve passar completamente despercebida. Pequena mas, grande em surpresas, a começar pelos azulejos e, pela presença de Bordalo ‘all over’. Um pequeno museu numa rua de movimento mas, longe do meu roteiro habitual. Ainda bem que passei e entrei.

Não vou negar: passei inúmeras vezes à porta desta Tabacaria e ignorei-​a sem dó, nem piedade. Pecado meu que foi finalmente corrigido quando descobri numa providencial página de revista o valor deste espaço que me parecia tão banal até àquele momento: inaugurada em 1894, a Tabacaria Mónaco reveste-​se de azulejos da autoria de ninguém mais ninguém menos que Rafael Bordallo Pinheiro, nos quais rãs e garças irrequietas leem jornais, dançam, fumam… Mas, quando entrei na Tabacaria, constatei que a presença do artista mantém-​se no corredor: quando olho para cima, vi imediatamente as suas famosas andorinhas suspensas no teto.
Que sorte tem quem vai diariamente comprar o seu jornal à Mónaco! Se dúvidas houvesse de que esta não é, de todo, uma Tabacaria normal, elas podem ser desfeitas: este Imóvel de Interesse Público conta com obras escultóricas, como o busto do príncipe do Mónaco (mais apropriado não podia ser) e algumas estatuetas. A minha favorita é um gatinho com uma cauda saliente que, na verdade, é uma guilhotina para se cortar o charuto. Enfim, a Mónaco não é uma tabacaria. É uma verdadeira caixinha de surpresas!

Muitas vezes tinha passado por este sítio sem, no entanto, ter entrado. Foi mais recentemente, num passeio turístico organizado, que fui convidada pela primeira vez a visitar o interior da tabacaria. Não estava à espera de, num espaço relativamente pequeno, ver tantos elementos artísticos de autores tão conhecidos e que consevam ainda todas as características originais.
Ao entrar na Tabacaria Mónaco, é impossível ficar indiferente à decoração: este espaço é um tesouro da arte portuguesa. O tecto é uma representação do céu, da autoria de António Ramalho e as andorinhas pousadas nos fios telegráficos e os azulejos são de Bordalo Pinheiro. Falando em fios telegráficos, esta tabacaria foi de facto um dos primeiros sítios a ter um telefone ligado à rede.
Tudo isto nos faz parar no tempo, num misto de humor e curiosidade e por essa razão há quem entre «só para ver», o que não faz confusão aos funcionários, já habituados, sempre bem humorados e dispostos a contar a história dos elementos decorativos. Vi até muitos estrangeiros que entravam, à vez, para tirar fotografias.
Nesta tabacaria é possível encontrar imprensa nacional e internacional, tudo o que seja relacionado com tabaco, desde cachimbos, a cigarros, passando por charutos e cigarrilhas de vários tipos.
Um espaço sem dúvida a visitar…