Lisboa Cidade de Fado

Saio na estação de metro da Baixa Chiado. Uma das primeiras imagens que vislumbro logo é um calmo Fernando Pessoa que parece ignorar a constante companhia de turistas, oriundos um pouco de todo o mundo, que, sorridentes, tiram fotografias incessantemente. Entre tanto movimento, típico de uma grande cidade num dia de semana, vou descendo a Rua Garrett e espreito as últimas novidades na montra da Livraria Bertrand. No preciso instante em que consigo vislumbrar completamente a fachada dos Armazéns do Chiado, oiço um trinar de guitarras. Nem mapas, nem GPS, nem Armazéns, nem nada. O sinal que melhor me indica que estou a caminho da Rua do Carmo é precisamente este som tão português: o trinar das guitarras da Carrinha do Fado, um ícone lisboeta. Na minha opinião, é um verdadeiro luxo aproveitar tudo o que a Rua do Carmo tem para oferecer, enquanto escuto uma versão do «Barco Negro», interpretada pela eterna Amália Rodrigues, ou um viciante «Oiça Lá, Ó Senhor Vinho», que ganha uma nova vida na voz de Mariza. Enfim, o mais simples é sempre o mais precioso, não?

Bem, nem sei quantas vezes passei pelo Chiado e ouvi sempre grandes êxitos do Fado, lembro-​me de Lisboa e é impossível não pensar neste carro antigo, tão bem cuidado e tão «cheio» de fado. É inexplicável passar na rua com canções de Amália Rodrigues a nossa musa do Fado no Inverno, na altura do Natal, ouvir fadistas como Carminho, Mariza… No chiado, frequentado por muitas pessoas a um sábado á tarde. Em qualquer altura, aquele carro mágico está ali, a vender verdadeiras «relíquias» do nosso Fado tão Português. É sem dúvida um ponto a conhecer em Lisboa, que para além de ser uma loja com rodas, tem os melhores CD’s e conta muitas histórias. Eu sempre que por ali passo, canto um pouco de fado, sorriu e sei que foi um bom momento do dia :)

Silêncio. Cantam Guitarras! Fazer a Rua do Carmo sem este apontamento não seria mais a mesma coisa. A meio da rua, existe um pequeno veículo antigo onde se vendem os CDs dos melhores fadistas de Portugal. Prosseguimos pela rua a ouvir Fado… Por vezes peças tão deslumbrantes que é impossível ficar-​se indiferente à letra, ao tom, à melodia. É muito fácil parar e simplesmente ficar a ouvir e a sentir a nostalgia do Fado. De uma profundidade arrepiante, de uma intensidade que não deixa ninguém indiferente. Este pequeno veículo faz mais pela promoção do Fado em Portugal do que muitas casas de Fado juntas.