Hairport

Super expensive!!

Eu tenho uma relação amor-​ódio com o meu cabelo. É mesmo fininho e liso, eu acabo por deixá-​lo crescer crescer crescer, pinto-​o de ruivo ou qualquer coisa do género, e ao fim de uns meses de parecer a Rapunzel fico farta e decido que quero cortá-​lo bem curtinho. Quando morava no Porto sabia onde ir para fazer um corte radical destes. Em Lisboa estava um bocado desorientada à procura de um lugar que fizesse qualquer coisa mais «experimental» e assim segui o conselho de uma amiga que também corta o cabelo lá — e realmente eu sempre achei os cortes dela muito fixes.
Marquei e calhou-​me o Kfir. Foi fantástico a todos os níveis. Ele é originário de Israel e já trabalhou e viveu em Londres, por isso tivemos imenso que conversar (meio em inglês, meio em português que ele estava na altura a praticar).
Massagem e lavagem, maravilhosas, suave e nada de puxar cabelos!
Chá rooibos enquanto esperava e cortava o cabelo? Yup!
E o melhor foi perceber que estavamos os dois em sintonia em relação ao que eu queria fazer com o meu corte. Vimos algumas imagens, discutimos os limites — lembro me de dizer que não queria ter partes cortadas com máquina, como estava na moda. Ele conseguiu juntar todas as minhas ideias e as dele num corte assimétrico, divertido e mesmo assim feminino!
Esta foi a minha experiência com apenas um dos cabeleireiros, as outras pessoas que estavam a trabalhar lá naquele dia também estavam a fazer trabalhos bem criativos e que assentavam perfeitamente nos diferentes clientes. Acho que o melhor é espreitar a página do flickr deles e ver as diferentes coisas que eles fazem.
Penso que a única coisa menos positiva é que, como têm imensos clientes e marcações, podem haver atrasos, embora no meu caso eu não tenha sentido que estavam a tentar «despachar o serviço».
Conselho: Eles tiram fotos aos cortes no final, por isso tentem não estar com o pior look possível nesse dia :) Claro que o próprio corte aqui é mais de meio caminho andado para ficar com um aspecto incrível!

Estive aí uns bons 15 anos sem ir a um cabeleireiro. De todas as vezes que fui foi a desgraça total, saía sempre de lá a dizer «nunca mais na vida corto o cabelo». Depois desse longo período de cortes mal amanhados em casa, resolvi tentar mais uma vez e cortei radicalmente o cabelo em Moscovo. Foi uma experiência a não esquecer por tudo o que envolveu, mas passado dois anos estava a típica cabeça de microfone e perguntei a uma amiga, que também tem caracóis, uma opinião sobre um corte de cabelo e ela disse-​me que só cortava com a Jess do Wip Hairport, porque era a única que sabia cortar caracóis. Fiquei um pouco apreensiva, pois associava o Wip aos cortes assimétricos lisos que não tinham nada a ver comigo e que arruinaram a imagem de muitas das minhas amigas, na minha modesta opinião, pois ficava tudo com «corte à Wip». Fui a medo ter com a Jess que me viu o cabelo e que quis conversar comigo sobre ele e sobre o meu estilo e como o usava regularmente, uma verdadeira consulta pré-​operação. Quando chegou o dia do corte, depois de uma bela lavagem e massagem ao couro cabeludo, a Jess esteve cerca de 2h a cortar-​me o cabelo e definiu ali no meio daquele volume todo uma forma com graça. Portanto, não me doeu nada, a não ser o bolso, pois foram quase 50 euros… Infelizmente a Jess já não se encontra em Portugal, mas o Wip continua a ter excelentes cabeleireiros e gente simpática a atender.

O meu cabelo é temperamental. Tal como todos os cabelos, tem a sua natureza particular, logo, não é qualquer mãozinha que faz magia com ele. Isto aprendi eu após anos e anos de saídas frustradas de cabeleireiros onde a minha cabeça era apenas mais uma nas fileiras de cadeiras e espelhos. Pedir para escadear, era o mesmo que dizer «corte-​me o cabelo em degraus». Este e outros desastres repetiram-​se vezes sem conta até encontrar o Wip-​Hairport, o cabeleireiro mais cool* de Lisboa.
Situado na rua fetiche da capital — a do funicular da Bica — o Wip-​Hairport veio mudar para sempre a auto-​estima do meu cabelo e a minha também, devo confessar. Uma ida a este espaço assemelha-​se a um encontro de amigos onde, entre massagens no couro cabeludo e tesouradas certeiras, se têm dois (ou mais) dedos de boa conversa ao som da música bem escolhida dos dj’s/colaboradores de serviço, que dançam e cantam e sorriem para todos os lados.
* Por cool entenda-​se a prática descontraída do bom gosto, sem maneirismos a atropelarem-​se uns aos outros.

O maior corte de cabelo que fiz na vida foi aqui. Passei de um cabelo comprido com risco ao meio até à cintura para um corte acima dos ombros com uma franja bem curta! As palavras de ordem foram para a Hairstylist Silvia e diziam…“faça o que achar que fica melhor”. Esta frase em qualquer sítio poderia ser um gatilho para sair com um corte à tigela ou modo cogumelo. Aqui, correu muito bem! Confesso que o choque inicial foi complexo mas que durante anos permaneci nos cortes de cabelo curtos, cheios de pontas e sem medos.
A última vez fui atendida pelo Kfir, que durante a lavagem do cabelo, faz as massagens na cabeça mais maravilhosas do mundo.