Atrium Saldanha

Já havia algum tempo que não entrava no Atrium Saldanha, e nestes dias, calhou lá ir jantar. Em tempos passava aqui quase todos os dias. Adorava sentar-​me um pouco, junto do átrio central onde existe um piano, que toca todos os dias da semana, entre as 19h e as 20h. Era uma hora que ali passava, a aguardar quem me viesse buscar. O Atrium Saldanha tem bastante comércio, mas algumas lojas são dirigidas para públicos com maior poder de compra. E também por haver muitos escritórios quer no próprio edifício, quer na imediações do centro comercial, os preços em geral, são mais altos, que em outros espaços desta natureza. Na cave, há a zona de restauração, aberta até às 23h. Já jantei aqui inúmeras vezes, e a escolha até acaba por ser variada e os preços em conta. A partir das 21 horas os 2 pisos de lojas encerram, mantendo-​se a restauração em funcionamento e o movimento abranda drasticamente. Acaba por ser uma zona que convida ao descanso para um final de dia de trabalho cansativo, se for o caso.

Este é um sítio particularmente difícil de avaliar. Foi um sítio onde passei muitas horas: estudei num colégio bem perto, trabalhei numa das loja de surf do centro e também vinha para aqui estudar nos meus tempos de faculdade.
Durante muito tempo, foi um edifício cheio de movimento, até porque uma das lojas era uma espécie de «internet café sem o café» da Câmara de Lisboa onde a malta jovem podia aceder por um preço muito reduzido. Estávamos em ¹⁹⁹⁸⁄₁₉₉₉ e andava tudo louco com o mIRC, por isso havia fila de espera e gente a fazer tempo nos cafés e restaurantes. Depois, havia imensa gente que achava piada ao facto de haver um pianista a actuar na área da restauração.
De repente, o Atrium Saldanha — e os outros centros ali à volta — tornaram-​se, progressivamente, espaços comerciais quase-​fantasma, à excepção da hora de almoço, quando se enchem de pessoas que trabalham nos escritórios das proximidades. Há muitas lojas a fechar, outras em liquidação total, outras com promoções convidativas que parecem não fazer efeito porque as lojas estão vazias.
Pergunto-​me como é que há lojas que sobrevivem ali e como é que um sítio tão central está tão vazio e tem lojas tão pouco apelativas! Vale a pena pelas empresas que decidiram abrir serviços como cabeleireiros, centros de cópias, arranjos de costura, que são sempre os mais resistentes em épocas de crise. Espero mesmo que o Atrium renasça das cinzas da crise…