Ana Salazar

Esta é uma das histórias mais tristes da Moda Portuguesa e esta loja está aqui para nos fazer lembrar dela. A marca e a loja têm o nome da designer Ana Salazar, que nos anos 70 deu uma verdadeira injecção de «modernidade» no guarda-​roupa ultra-​conservador dos portugueses, com uma loja chamada «Maçã», onde vendia roupa que trazia de Londres. Mais tarde desenvolveu a sua própria marca, com um estilo muito próprio, que durante muito tempo foi a referência de «vanguarda» no panorama da moda portuguesa.
Em 2012, Ana Salazar anunciou que deixava o cargo de directora criativa, por incompatibilidades com os detentores da marca que tem o seu nome. Hoje em dia, as peças que vemos nesta loja, têm ainda um pouco do seu estilo inconfundível, mas a qualidade e o design não são os mesmos.
O interior desta loja é lindo, os empregados são simpáticos e há algumas peças em conta, mas não consigo deixar de pensar que o espírito da marca se perdeu e que tudo o que vemos aqui é uma tentativa de «ressuscitar» um estilo de alguém que perdeu o seu nome.

Pensar que quando conheci esta casa, era o topo da Vanguarda (e era mesmo assim que lhe chamávamos, Vanguarda).
Nesses idos anos do século passado, em que muitos de nós vestíamos preto como uma afirmação de estilo e de modo de vida, a roupa da Ana Salazar surgiu como um presente dos deuses fazendo as delicias das miúdas do grupo que tinham pais mais liberais.
Era adolescente quando comecei a vir a esta casa a acompanhar as colegas da escola secundária, com penteados à Beatriz Costa e meias acima do joelho que deixavam todos a olhar para trás… E que orgulho tinha de acompanhar estas miúdas…
Sim, já passou muito tempo e a casa Ana Salazar já não é o que era. Continua a dar que falar, subiu bem a fasquia de preços (ainda que continue a haver por lá pechinchas) e a Vanguarda morreu…
Ainda assim, continua a ser uma boa casa para quem procure um modelo original, um corte um pouco mais arrojado e uma label de renome internacional
E já agora, um momento para recordar…

Neste Verão, fui com a minha afilhada à Ana Salazar. Procurávamos um vestido para ela usar num casamento.
Um vestido preto encantou-​nos (até o preço era estava de acordo com o que era previsto gastar-​se), mas tivemos que resistir ao feitiço. Preto para um casamento, não queríamos.
A colaboradora foi simpática e solicita, por isso, aceitou a nossa objecção.
Esta é uma loja por onde gostamos sempre de passar quando queremos algo diferente e bem fashion.

Apesar do nome, esta marca já não pertence a Ana Salazar, que abandonou a empresa em 2009, por incompatibilidades. No entanto, ao olhar a montra, ainda sou «enganada». É que os modelos nos manequins continuam a sugerir ligação à estilista, pelas linhas e cores características da sua moda. Tenta-​se manter, portanto, essa relação umbilical com a imagem de marca da criadora.
Facto é que, apesar de não ser barata, a roupa é relativamente acessível e existem peças verdadeiramente interessantes! Para além disto, existe toda uma secção onde é possível comprar peças a valores que são um autêntico grito, desde 20 a 60 euros! Acho que vale a pena entrar nesta loja.