Tita

Bravin é um lugar que, como comentado com meu amigo Hans durante a visita, é excêntrico, mas não parece. Engraçado que uma das coisas que tornam algo excêntrico é exatamente a aparência. No caso do Bravin é uma pequena casa atrás do cemitério da consolação e em dois pavimentos com mesas não amontoadas umas nas outras e a maioria para casais (elas podem ser juntadas, mas não sei se comporta grupos maiores que 6 pessoas com tanta facilidade). O clima é de meia luz com decoração que é retrô, mas é original. Garrafas de vinho em bancadas no meio do salão, como em uma sala de estar. No geral o ambiente tende para o romântico ou acolhedo e a trilha sonora só toca lançamentos… De muitos anos atrás! Não chega a incomodar de maneira nenhuma, pontuo apenas pois isto também colabora para a excentricidade do local.
Passando para o menu, a impressão continua com itens nada triviais nos pratos e combinações inusitadas. Aparentemente a casa fez o menu sem pensar muito em itens comerciais. Não chega a ser um choque com pratos exóticos, mas as misturas e ingredientes são diferentes (rs). Na primeira visita eu não quis arriscar de entrada peguei uma polenta com ragú de lingüiça que estava gostosa, mas não surpreendeu (estava gostosa, mas para meu gosto faltou um pouco de sal ou pimenta para ficar menos adocicada, mas é meu gosto, seria injusto dizer que estava ruim) e de prato principal fui de filet a parmegiana! Um comentário que vale a pena é, está entre as milanesas mais crocantes de filet a parmegiana que já comi, temos um costume de encontrar aquela milanesa já aguada de passar muito tempo no forno, neste caso o que pareceu é que o filet não passou muito tempo no forno depois de frito e a quantidade de molho de tomate (que estava ótimo) não encharcou a milanesa! Ponto para um prato que já é batido, mas ficou diferente do trivial e muito bom (novamente para meu gosto o bife poderia ser um pouco mais grosso). A casa oferece diversas opções de vinhos para todos os gostos e de várias nacionalidades, outro ponto pra o Bravin! Na sobremesa cheesecake com calda de morangos, estava ótimo e com a calda selvagem, fugindo do sabor industrializado de morango de outros locais, novamente um comentário a parte, poderia não ser servido em uma mini taça de drink (tipo dry martini) pois dificultou o acesso à base do bolo nas primeiras colheradas.
O serviço foi cordial, rápido, atencioso (depois de um tempo citamos que estávamos com um pouco de pressa por conta de um compromisso e tudo foi acelerado, não precisamos ficar lembrando o garçon o tempo todo, no que ele nos viu finalizar o prato já soltou o pedido da sobremesa e assim que acabamos a sobremesa ele já veio com a conta e maquininha do cartão, ponto pro serviço!).
No geral vale bastante a pena, mas não é barato. Sei que o preparo é cuidadoso e muito bom, mas não é barato pela quantidade de comida e alguns cortes oferecidos. Paga-​se pelo bairro, tamanho do restaurante e refino no preparo, importante citar pois este item prejudica, ainda que levemente, o custo benefício.

Já provei o Bravin tanto para o almoço, como para o jantar! O clima é romântico se você vier com o date, agradável se vier com os amigos, e aconchegante mesmo que venha sozinho. Eu me senti em um bistrô francês, e se não fosse pela música brasileira de trilha sonora e o menu com marcos da nossa gastronomia talvez eu estivesse certa na minha primeira impressão.
No jantar provei o risoto de cogumelos — eu sei, super previsível, mas é difícil pra mim resistir a qualquer coisa com cogumelos, você já devia saber disso. Queríamos um vinho para acompanhar, aqui eles não tem um carta fixa, então você deve pedir a ajuda e sugestão do sommelier da casa. Nós demos sorte de sentar bem do lado dela, então ainda conseguimos uma dicas super especiais.
Antes do almoço eles nos ofereceram um couvert, com algumas cenouras e aipos cortados à julienne e uma porção de azeitonas. Achei a apresentação linda e o fato de não ser uma cesta de pães bem criativo, mas o preço é um pouco exagerado (R$ 7/​pessoa? você compra uma caixa de cenouras com esse preço), mas eles só oferecem isso para o jantar.
No almoço provei o menu executivo que inclue uma entrada, um prato principal e a sobremesa. A salada verde com corações de galinha estava INCRÍVEL! O tempero dos corações só me deixou com mais fome e vontade de comer outra porção. De prato principal o arroz com frango e quiabo, também muito bom. As pimentas tinham a «picancia» necessária para mudar o sabor da comida e apesar de estar no menu executivo o tamanho é bem grande, talvez seja possível dividir entre duas pessoas. De sobremesa o manjar de coco com ameixas, também gostoso!
Se você não gosta de multidões evite vir ao almoço de sexta-​feira já que está rolando uma feira logo em frente, por outro lado, as frutas e verduras deste dia são as mais frescas que você vai encontrar.

Sempre que procuro uma comida que me lembre a casa da vovó e venha acompanhada de um vinho impecável, vou ao Bravin. O estabelecimento é cria da sommelière Daniela Bravin, que já passou por estreladas casas paulistanas e agora pilota a sua própria, constituída de restaurante no andar de cima e wine bar no andar de baixo.
Se você quer jantar sentado, experimentando pratos saborosos e que aquecem a alma, vá para o restaurante. Lá, Daniela costuma ir de mesa em mesa sugerindo o melhor vinho para acompanhar a comida. O cardápio está em constante mudança, mas a casa oferece desde uma canja quentinha até ossobuco com risotto milanês. E se o estrogonofe estiver de volta ao menu, não hesite: peça.
No bar, Daniela também costuma sugerir drinques variados para acompanhar as porções de brusqueta, brandade de bacalhau e coxinha. Foi lá que provei meu primeiro copo de gin tônica, e nunca mais esquecerei (por motivos ótimos, e não pela ressaca, ok?).
O ambiente aconchegante e a trilha sonora do local (dica: peça para Daniela te dar um pen drive com as músicas) completam o passeio, que vale a volta.